sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Vinho do Porto

No silêncio da noite
Sinto mais intensamente
Sua presença!
Rubro presente
Que me chega ardente!
Deita a meu lado...
Lábios molhados...
Eloqüente momento...
Sussurros sedentos...
Entre amor e carícias...
Doces malícias... Delícias...
Que me cobrem de prazer...
Que me fazem sentir
Sem te ter...
Universo de sensações...
Emoções...
Que me fazem estremecer
E mais te querer!...
Indomável desejo
Por beber
Sem poder
Te sorver!...
Remexo-me na cama
Nesta paixão insana
Que me enlouquece!...
Num sonho sem face...
Vinho do Porto que sorvo,
Entre enlaces!


Carmen Vervloet

A bunda, que engraçada!

A bunda, que engraçada.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica.

Não lhe importa o que vai
pela frente do corpo.A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora – murmura a bunda – esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.

A bunda são duas luas gêmeas
em rotundo meneio. Anda por si
na cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.

A bunda se diverte
por conta própria. E ama.
Na cama agita-se. Montanhas
avolumam-se, descem. Ondas batendo
numa praia infinita.

Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz
na carícia de ser e balançar.
Esferas harmoniosas sobre o caos.

A bunda é a bunda,
rebunda.

Carlos Drummond de Andrade

Meus Ciúmes

Tenho ciúme do vento
Que beija os teus cabelos
Aborreço-me com o tempo
Que te leva para longe
Sem ouvir os meus apelos.

Tenho ciúme do Sol
Que mesmo lá do infinito
Manda seus raios dourados
Bronzear teu corpo escultural
Para ficar mais bonito.

Tenho ciúme da Lua
E toda constelação
Que exerce em ti fascínio
Ocupando grande espaço
Em teu romântico coração.

Tenho ciúme das ondas
Que vem teu corpo abraçar
Refletindo em teus olhos
Toda magia e beleza
Do azul da cor do mar.

Tenho ciúme dos pássaros
Que ao alvorecer deixam os ninhos
Para cantarem em tua janela
Acordando-te de mansinho.

Tenho ciúme da noite
Que te faz adormecer
Conduzindo-te em sonhos
Por outros lindos caminhos
Que nem sequer vou saber.

Tenho ciúme das flores
Que desabrocham ao teu sorrir
Tenho ciúme de tudo
Que não posso competir.

Mas na luz desses meus versos
Aprendi que sou um tolo sofredor
Porque tendo tudo que mereces
É só meu teu grande amor.


Falcão S.R

Ninfetas e Balzaquianas

As lindas ninfetas ...
São borboletas ...
Volúveis e xeretas ...
Com aromas de violetas ,

Que não conhecem nada da vida ...
Pois , não sabem o que é uma alma sofrida !
As experientes balzaquianas ...
São faceiras como ciganas ,

Porque conhecem os sofrimentos ...
De mil sentimentos !
Balzaquianas sabem o que é sofrer por amor ...
Elas conhecem de perto a dor ...

Do abandono e da solitude ...
Sem nenhuma atitude !
Elas são borboletas com as asas cortadas ...
Porque um dia já ficaram apaixonadas !

As lindas ninfetas ...
São borboletas ...
Volúveis e xeretas ...
Com aromas de violetas ,

Que não conhecem nada da vida ...
Pois , não sabem o que é uma alma sofrida !
Ninfetas não sabem o que é amar ...
Pois , só querem ficar ...

Com um homem diferente ...
A cada noite ardente !
Já , as balzaquianas são fiéis ...
Pois , beberam dos mil féis ...

Dos amores não correspondidos ,
Que deixaram os seus corações partidos !
Ninfetas são borboletas de um jardim ,
Que um dia terá um triste fim !
Pois , este jardim do prazer ...
Seca a cada amanhecer !

As ninfetas de hoje serão as balzaquianas de amanhã ,
Que correrão atrás de uma paixão sã ,
Inexistente e repleta de fantasia ...
Somente encontrada na mais linda poesia .

Luciana do Rocio Mallon .